(Se quiser ler no original (quer dizer, no site da ANJ, clique aqui)
Um vôo mais otimista pela imprensa nos EUA
Sites e blogs dedicados ao jornalismo registraram com destaque a edição mais recente, divulgada no dia 12 de março, do relatório anual State of the News Media 2007 (Estado da Mídia de Notícias 2007), feito pela respeitada organização norte-americana Project for Excellence in Journalism - PEJ (Projeto para Excelência no Jornalismo). De forma geral, a abordagem foi a de pinçar fatos e conclusões mais negativas sobre o futuro do jornalismo impresso.
Nesse caso, vale citar o escritor e grande frasista Mark Twain, quando soube que circulava a informação de que havia morrido: " A notícia sobre minha morte foi um exagero". O mesmo vale para comentários sombrios sobre a indústria jornalística feitos a partir do relatório do PEJ.
Dificilmente blogueiros e outros analistas apressados leram o documento de mais de 160 mil palavras e 700 páginas. O mais provável é que tenham se limitado às 38 páginas do sumário executivo e a uma leitura seletiva de alguns trechos, como o capítulo que trata dos sites de jornalismo e sobre a blogosfera.
Na verdade, o documento completo traz informações que mostram que, embora a indústria jornalística passe neste momento por um período de desafios e adaptações, persistem as evidências de sua força. A começar pelo imenso público consumidor de jornais. Num dia médio, informa o relatório do PEJ, cerca de 51 milhões de pessoas nos Estados Unidos compram um jornal e 124 milhões o lêem.
Os jornais diários dos Estados Unidos têm obtido margens de lucro, antes dos impostos, próximas dos 20%. E mais: as edições on-line estão conquistando leitores e receitas publicitárias num "ritmo saudável". A combinação das duas versões faz com que a audiência dos jornais seja, hoje, maior que nunca.
As empresas norte-americanas têm se empenhado em aperfeiçoar o jornalismo on-line, mas, adverte o relatório, ainda não está claro se a internet lhes permitirá ganhar dinheiro suficiente para sustentar o jornalismo tal como se desenvolveu em sua longa história de 400 anos.
A internet, diz a pesquisa, é um desafio que pode conduzir a um aumento da audiência por caminhos que levam aos jovens e a leitores que têm se mostrado arredios à imprensa, com expansão e diversificação das receitas publicitárias.
Moral da história: para os autores de State of the News Media 2007 há muitas razões para otimismo. As pessoas que realmente gostam de notícias ainda preferem os jornais por uma grande margem. E o que é mais importante: muitos dos problemas entrevistos podem ser corrigidos. De longe, a maioria das queixas mais relevantes em relação a eles - tempo, conveniência e acesso - são algo que a internet pode amenizar.
Problemas maiores, como a perda de interesse da população pelas notícias, podem surgir. Isso não ocorrerá se a sociedade seguir produzindo cidadãos interessados. Uma das coisas que ajudaria nesse sentido, segundo o público entrevistado, é melhorar o estilo dos textos, a qualidade das análises e diversificar os tópicos abordados, além de aumentar a oferta de material de forma imediata e interativa.
Por meio de pesquisas, estudos, análises, debates, treinamentos e laboratórios, o PEJ é um fórum de alto nível. "Nosso objetivo, acima de tudo, não é apenas diagnosticar os problemas da imprensa, mas criar alternativas que clareiem o papel essencial do jornalismo, além de identificar exemplos de bom jornalismo por todos os EUA", afirmam os idealizadores do projeto.
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